2 de maio de 2008

POLÍCIA PARA QUEM PRECISA?

Na época do frisson Tropa de Elite, eu ainda não tinha blog, portanto não tive a chance de opinar a respeito do filme e de todas as discussões que o filme trás. Na verdade nem tenho nada pra falar sobre o filme que é muito bom, um dos melhores que já vi. A questão é outra. É a realidade mesmo. Muitas vezes tão distante da ficção, noutras muito próxima.
Semana passada, durante uma ação policial numa favela carioca, policiais do BOPE cercaram uma casa na respectiva favela onde se encontravam 10 rapazes, dentre os quais, segundo relato dos moradores, apenas dois, não estava diretamente envolvido com o tráfico de drogas. Repito, pelo menos não diretamente.
Os policiais que estavam monitorando a favela pelo helicóptero passaram a localização da casa para os policias que faziam a incursão por terra, eles cercaram a casa, invadiram com seus fuzis “silenciados”, e assassinaram todos os que lá se encontravam.
Um verdadeiro banho de sangue. E agora me pergunto: isso foi mesmo necessário? Qual a verdadeira função da polícia, prender ou matar?
Claro, que em situações de conflitos, a polícia é “obrigada” a matar em nome da defesa. Mas quantas vezes a polícia precisa se defender?
Por exemplo: neste caso, os rapazes ofereciam que tipo de perigo? Eles estavam almoçando, estavam armados sim, é verdade, mas quem é louco de enfrentar os “caveira”? Um monte de caveira armada?
Tem gente que depois do filme defende esse método de repressão por acreditar que assim, os criminosos seriam espécies em extinção. Ledo engano. Não conhecem o ditado “morre um capim nasce outro”? Pois bem...
E essa conversa de polícia incorruptível? Tenho cá minhas dúvidas... É bem verdade que nunca vi na Cidade de Deus baile funk quando o Caveirão estava por lá, mas quem garante? É fácil lavar a mente de um grupo pequeno, mas de centenas de homens que na verdade tem que subir morro pra matar meia dúzia de pé rapado se arriscando a levar um tiro no meio das fuças (por acaso), quando se tem uma opção tão mais pacífica que é um acordo entre ‘homens’?
Sim, eu disse “levar um tiro no meio das fuças por acaso” por que bandido quando acerta tiro é por acaso; eles atiram muito mal. Não que policial atire bem, por que também não atira! Lembro-me de uma cena que assisti de camarote: PM de um lado do prédio, bandido do outro lado, um atira na direção do outro de costas e depois saem correndo! Jesus!
Bom, o causo é que é admirável o trabalho do BOPE, tem boas estratégias, atiram muito bem e etc... Ou seja, treinados para matar, como eles mesmos admitem. Mas de que vale isso, num centro urbano? Eles até têm um raciocínio, que se pode chamar de lógico: o fato de que usuário de droga financia aquela “merda toda”. O que não credita o direito às torturas.
Eu nunca achei inteligente por parte do Estado, a incursão de policias em favelas. Como também acho uma burrice esse negócio de Força Nacional.
Fica um monte de homem armado na entrada do Complexo do Alemão fazendo ‘guarda’, mas tudo quanto é carro entra no morro sem ser ao menos revistado. Meu irmão mesmo, outro dia foi na casa de um primo nosso, subiu de Kombi, que, diga-se de passagem, é um carro muito utilizado para transporte de armas e drogas, e não foi revistado. Vale lembrar que se você chegar perto de um desses homens, perceberá facilmente a expressão de medo deles. Não são do Rio, não conhecem as vielas e becos cariocas, oras, até eu teria medo. Aliás, eu tenho medo.
Exército nas ruas? Outro desperdício. Quaisquer das forças nacionais estão falidas, não dão conta de treinar seus “soldados”, dirá de enfrentar os soldados do morro. Tudo um monte de bobão morrendo de medo dos traficantes e que sai do quartel se achando o próprio Che Guevara. Mas, se está lá e a população pressiona dizendo ser essa a única solução, o governo fica meio assim, sei lá... “Quem sabe esse circo todo não nos ajuda a passar uma imagem de governo atuante?” e bota os moleque na rua.

No final fica uma guerra sem propósito, onde homens de todos os lados estão bem armados e despreparados. Todo tipo de despreparo. A população sofre, mas pensa ser essa a única solução. Recentemente, O Globo publicou uma pesquisa que mostrava que a população ‘carente’ não gosta do “Caveirão”, mas o julga importante no combate ao crime. Qual a lógica que essas pessoas seguem? Torturar e matar também é crime, que farda nenhuma justifica. Combater crime com crime, é a solução?







PS: Imagens tiradas do Google, quando estava de posse de meu fuzil "silencioso"

3 comentários:

  1. Muito bom esse post, Naninha! Eu também adorei Tropa de Elite!
    Beijos

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  2. As pessoas assistem filmes como tropa de eliter e não param para ver o que nas entrelinhas e toda crítica social que é feita veêm o filme como "muito loco mano" e decorram as falas se esquecem de refletir as vezes pensar e muito indispensável.
    Os policias querem respeito e acham que faszendo com que as pessoas o temam iram conseguir.Matar inocentes trará algum respeito para eles?

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  3. Outro texto excelente Nana, coisa de quem sabe o que tá falando. Tua opiniao é a minha mana. Gostei do filme-em-si que é sem sombra de dúvida um dos melhores que assiti nos últimos anos. Mas sou contra a forma de combater o crime. Nesse caso - na vda real - a tropa de Elite é burra.

    Beijo.
    Inté!

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