29 de agosto de 2008

O Direito de cada um

Todo dia, ou pelo menos quase todo dia eu dou uma olhada nos principais sites de notícia e numa dessas visitinhas eu encontrei no blog do Jorge Antonio Barros no jornal O Globo um texto assinado pela jornalista Michelle Aisenberg (para ler clique AQUI).
O texto fala sobre os incovenientes de um baile funk num morro próximo a sua residência e do quanto ineficaz e omissa é a Polícia Militar em casos assim. Um texto bem interessante que vale a pena ler. (Ela conta que ligou para o 190 e nada foi feito no sentido de solucionar o problema.) Acredito ser esse um problema que todos já enfrentamos ou enfrentaremos, pois em todo lugar tem um vizinho inconveniente que ouve músicas chatas em horários impróprios. Eu mesma já sofri muito com meu atual vizinho.
Voltando ao texto... Tudo ia muito bem até o momento em que li a seguinte frase: "Por favor, me respondam: a quem recorremos nesse caso? Todo final de semana é a mesma coisa, inclusive aos domingos! Fico com pena porque os bandidos precisam se divertir, certo? Têm trabalhado pesado a semana inteira". Bandidos? Todos os frequentadores de baile funk são automaticamente bandidos?
Bem, aí você fala: "Ah, a Nana defende por que já morou em favela e blá blá blá..." Sim, é verdade, eu já morei em favela. Nasci e vivi 23 dos meus 25 anos na Cidade de Deus, conheço um monte de bandido e pelo menos o dobro deles (de bandidos) de gente honesta e trabalhadora que frequenta baile funk. Por entender que muitas vezes o baile funk é a principal forma de distração das comunidades.
Não questiono a qualidade da música, pois isso fica a cargo de cada um. Gosto não se discute. E no caso do Funk Proibido que faz apologia a drogas, armas e facções criminosas e Bailes promovidos pelos traficantes, cabe a polícia repreender. Sem dúvida. Mas isso nada tem a ver com o julgamento que a jornalista em questão fez.
Quanto ao fato dela ficar indignada com a PM que não subiu o morro para acabar com o baile eu realmente não entendi. Como uma jornalista que eu imagino seja bem informada pode ficar indignada com isso? Ou ela pensa que se a PM subisse o morro o barulho seria menor? Francamente...
Antes de exigir a PM em favelas fazendo cumprir a Lei do Silêncio primeiro precisamos ter uma política de Segurança Pública eficaz, acabar com o tráfico e garantir um minimo de segurança ao policial que lá fosse.
No texto, a jornalista fala do não cumprimento da lei em locais perigosos, que se fosse em seu apartamento, a polícia teria ido lá pedido que baixasse o volume e etc... Mas vale lembrar que na Zona Sul e outros bairros de Classe Média quando isso acontece os anfitriões da festa oferecem uma cervejinha e fica tudo resolvido (presenciei várias cenas dessas). Por que "bandido" não pode oferecer uma cervejinha ou algo semelhante e curtir seu baile em "Paz"?

***

UPDATE: Hoje e amanhã, você me encontra lá no Sofá do Amigão. É só CLICAR AQUI.
O Moiza me fez tão gracinha! =D

17 comentários:

  1. É de textos jornalísticos assim que quero distância. Textos que por mais que se tente nao escondem o preconceito. Preconceito que às vezes o jornalista nem percebe que tem.

    Nasci e vivi 23 dos meus 25 anos na Cidade de Deus

    Nossa! Já percebi que vocè tem muitas história pra contar.

    Bj Nana.
    Inté!

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  2. Bom dia linda,
    Eu não vou comentar este post, por razões que você já conhece né?
    bom final de semana!

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  3. É isto mesmo, Naninha!

    Solta o verbo, guria!

    A injustiça e as idéias pré-prontas compradas em grandes shoppings sempre têm a capacidade de me irritar também! Por que será que ainda existem pessoas que se acham melhores do que as outras?

    Quer dizer que, se você não é meu vizinho, não faz parte da minha roda de amigos, não faz parte da minha classe social ou de uma classe mais privilegiada, só pode ser bandido!? Já não basta ter de enfrentar a polícia e os traficantes todos os dias, o morador das favelas ainda tem que engolir o sapo do preconceito?

    Deixa ver se eu entendo...
    Na favela só tem bandidos, certo!?
    E nos bairros chiques só tem gente honesta e trabalhadora. Acertei?
    Putzgrila!
    De onde, então, vêm os criminosos de colarinho branco? De outro país? Ou será de outro planeta?

    Responde aí, dona Michelle Aisenberg, pra ver se a gente entendeu direito...

    O pedreiro que ajeita o seu azulejo caríssimo no banheiro é bandido também? Ou é um amigo morador de bairro chique?
    E a sua faxineira? Bandida ou rica?
    A sua manicure? É uma milionária excêntrica que gosta de fazer as unhas das freguesas em troca de alguns trocados?

    Uma jornalista deveria saber da força que as palavras têm e não sair por aí vomitando asneiras levianamente. Além do quê, quantos trabalhadores honestos da favela também não devem ter conseguido dormir nesta noite e tiveram que levantar de madrugada, mesmo assim, para trabalhar no dia seguinte?

    Lamentável, dona Michelle! Como é que um nome tão lindo pode assinar um amontoado de palavras tão feias?

    Um beijo, Naninha!

    Urbano

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  4. Só pra constar...

    Eu nunca morei em favela!
    A minha faxineira, sim. Alguns dos cobradores dos ônibus que eu pegava, também. Etc etc etc.

    Agora sim!

    Beijão, Naninha!
    Parabéns pela coragem!

    Urbano

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  5. Olha, Naninha...

    Visitei o link fornecido por ti e deixei o seguinte comentário, mas não sei se irão publicar.

    "Não há como discordar da verdade das suas palavras e da razão implícita na sua indignação. Porém não posso concordar com a manifestação explícita de preconceito.

    Quer dizer que, se você não é meu vizinho, não faz parte da minha roda de amigos, não é da minha classe social ou de uma mais privilegiada, só pode ser bandido!? Já não basta ter de enfrentar a polícia e os traficantes todos os dias, o morador das favelas ainda tem que engolir o sapo do preconceito?

    Deixa ver se eu entendo...
    Na favela só tem bandidos, certo!?
    E nos bairros chiques só tem gente honesta e trabalhadora. Acertei?
    Putzgrila!
    De onde, então, vêm os criminosos de colarinho branco? De outro país? Ou será de outro planeta?

    Responde aí, dona Michelle, pra ver se a gente entendeu direito...

    O pedreiro que ajeita o teu azulejo no banheiro é bandido também? E a tua diarista?

    Só pra constar...

    Eu nunca morei em favela!
    A minha faxineira, sim. Vários operários honestos que eu conheci também. Etc etc etc.

    Boa tarde!"

    Queria publicar o mesmo comentário que fiz aqui no teu blog, mas lá há um limite de 1024 caracteres.

    Acho que todos nós que não concordamos com o texto dela deveríamos fazê-la saber que pisou na bola.

    Beijão, meu anjo indignado!

    Urbano

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  6. tá gracinha mesmo a figura hehehe, já tinha te visto no sofá do amigão e to passando pra te desejar um bom fim de semana, bjs

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  7. Olha!!!

    Não é que publicaram!?
    Vou deixar o link aqui para comprovares e, se quiseres, dar continuação à corrente dos indignados.

    http://oglobo.globo.com/servicos/blog/comentarios_superblog.asp?t=reporter_de_crime&cod_Post=123093

    Beijão!

    Urbano

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  8. *Vidal*
    Pois é, as vezes a pessoa nem percebe que tem, mas tem.

    *Amigão*
    É, eu te entendo.

    *Urbano*
    Vc pegou bem o espírito da minha mensagem. Que bom que vc comentou, ontem eu deixei uns 4 comentários lá e o Jornalista Jorge Antonio Barros, dono do blog, até me respondeu e concordou comigo que ela generalizou os moradores de área carente. Pena que não salvei o link, mas depois eu procuro. Legal tua participação. =)

    *Dete*
    Obrigado pela visita aqui e lá no Sofá! Volte Sempre! =)

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  9. Olah, Nana, vi você lá no Sofá do Amigão e achei seu texto bem legal, aí vim visitar você aqui também.
    Poxa, adorei você ter soltado o verbo! Acho inacreditável que existam jornalistas ainda tão sem noção!

    Vou ficar voltando aqui pra ver o que mais você tem a dizer, tá?

    Beijos...

    Camila

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  10. Aí...
    Falou bonito, Nana. É incrível como existem jornalistas irresponsáveis que acabam desviando olhares apenas para pontos negativos, denegrindo a imagem que as pessoas têm dos frequentadores, que já não é boa.

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  11. Foi preconceito declarado desse jornalista =/

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  12. Pois é, Marco.
    Mas o preconceito existe e infelizmente está enraizado nas pessoas, até mesmo naquelas que imaginamos não ser, como jornalistas, que ajudam na formação de opiniões.
    Mas enfim...

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  13. É aquela história... segurança e etc, mas e a educação?! Acho uma piada o que boa parte doS governanteS brasileiros fazem em relação a isso... mas deixa para lá..

    Um beijo Nana.

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  14. Lu... É só reparar bem nas características dos freqüentadores de um baile funk: PRETO E FAVELADO = BANDIDO. Essa é a 'lógica', não é?
    Quer saber? Nem que eles estivessem ouvindo bossa nova, as pessoas reclamariam da mesma maneira: pobre incomoda de qualquer jeito, e é mais fácil taxá-los de bandidos, porque 'bandido bom é bandido morto', do que pensar numa solução para o problema.
    Ai, ai! Tô ficando de saco cheio dessa gente, Lu. De saco cheio!

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  15. *Ivan*
    Como sempre, a educação é a chave de todos os males.

    *Ju*
    Eu também tô de saco cheio.

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