25 de agosto de 2012

Cenas do Cotidiano

Priscila era uma menina com fama de brigona na escola e fazia realmente jus a sua fama. A mãe já foi chamada diversas vezes na escola, já era um problema sem solução, até por que a mãe não era exatamente um exemplo de pacificidade. Um dia brigou, deu meia dúzia de socos na cara de um e 3 pontapés em outro e xingou todo mundo que ali se juntava, mas dessa vez a direção da escola não precisou enviar bilhetinho no caderno ao responsável; o motivo? Carlos.
Carlos tinha 10 anos, filho de mãe dependente do álcool e de pai dependente do crack, morava com a irmã mais velha, adolescente e mãe de um bebê de 11 meses. Trabalha com o 'tiozinho' da favela ajudando a encher as garrafas de desinfetante caseiros que o 'tiozinho' vende pelo bairro. Ganha um troco pra ajudar a irmã e a mãe. Só não sobrava para ajudar a si próprio. É negro e na escola os coleguinhas parodiam a música mamãe passou açúcar em mim, cantando mamãe passou carvão no toquin
E foi justamente a musiquinha a razão da pancadaria de Priscila nos colegas de sala. 
Quantos elementos chamam atenção nesta história? O comportamento agressivo de Priscila, já considerado normal por conta dos exemplos maternos ou os valores que de alguma forma possui e deixa claro quando defende o colega? O provável fracasso escolar de Carlos, diante de seu histórico familiar? O bullying por ser negro? O futuro de Carlos? O esforço em se manter na escola e trabalhar depois da aula para ajudar em casa?
Até quando Carlos conseguirá se manter neste caminho? Sozinho ele será capaz de mudar o destino que lhe parece determinado?
O que a escola pode fazer por ele? Chamar o Conselho Tutelar poderia ser uma solução? Mas quem seria o familiar responsável? E um abrigo pode fazer efetivamente algo por ele?
Aí você está lendo este post pensando que não tem nada com isso e infelizmente não está em suas mãos dar um destino feliz nesta história-vida, mas e se daqui há  5 anos, quando sua filha de 14 for assaltada na volta da escola para casa, justamente pelos Carlos que agora já terá 15 de idade e reagir e levar socos ou se por acaso for vítima de um tiroteio na esquina da escola e  Carlos aparecer no jornal acusado de assalto, furto, porte de droga, porte de arma ou assassinato como será que olharemos para este menino, adolescente capaz de atitudes tão frias? 

Esta poderia ser uma história inventada com base nos noticiários do Jornal Nacional, mas não, é uma história real de um garoto de 10 anos morador de uma favela pacificada na Zona Oeste do Rio de Janeiro, que acabei de conhecer.

Vidas assim, acontecem de verdade. E nem merece comentários, mas sim compreensão e ação.

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